O pioneirismo do Sicredi, instituição financeira cooperativa com mais de 7 milhões de associados e presença em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, também existe na área da sustentabilidade. Em 2022, o Sicredi emitiu a primeira Letra Financeira Pública Sustentável do Brasil, com séries de dois e três anos.
Coordenada pelo Bradesco BBI, a operação captou R$ 780 milhões em recursos que foram convertidos em financiamentos para projetos alinhados à sustentabilidade. A emissão foi alicerçada em um Framework elaborado com apoio da companhia holandesa Sustainalytics, especializada em avaliações de projetos ESG.
Antes disso, o Sicredi já vinha realizando emissões públicas de Letras Financeiras tradicionais no mercado, bem como captações verdes e sociais de forma bilateral com parceiros estratégicos, conta João Pedro Segabinazzi Stephanou, Gerente de Operações Estruturadas e Finanças Sustentáveis:
“Com o amadurecimento do mercado de Finanças Sustentáveis no Brasil, percebemos a oportunidade de utilizar nossa expertise adquirida emitindo uma Letra Financeira Sustentável, baseada em um Framework de Finanças Sustentáveis que apoiasse essa emissão, além de futuras captações no mercado”.
A emissão está alinhada não só aos valores da cooperativa, mas também à demanda crescente por crédito sustentável, segundo Stephanou.
Finanças verdes
A Letra Financeira Pública Sustentável opera como um instrumento de captação de recursos para aplicação em projetos sustentáveis tanto no âmbito ambiental quanto no social, explica o Gerente de Operações Estruturadas e Finanças Sustentáveis:
“Os recursos captados por meio dessa operação foram destinados a projetos e iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável, abrangendo aspectos econômicos, sociais e ambientais”.
Os investidores que adquirem a Letra Financeira têm garantia do emissor de que os recursos serão aplicados em atividades alinhadas com critérios sustentáveis, de acordo com os critérios dispostos no Framework de Finanças Sustentáveis do Sicredi. Essa abordagem tem a finalidade de integrar considerações éticas e de impacto positivo nos negócios, proporcionando aos investidores a oportunidade de apoiar causas sustentáveis enquanto buscam retornos financeiros.
Já os critérios de elegibilidade ambiental estão voltados para o apoio de atividades baseadas no uso de recursos naturais que possam gerar valor de maneira sustentável, seja pelo manejo adequado, ou até mesmo através do investimento em tecnologias limpas.
“Dessa forma, estão aptos a receber recursos da Letra Financeira Sustentável projetos verdes voltados para a eficiência energética, dentre os quais a instalação de placas de energia fotovoltaica, investimentos em empreendimentos imobiliários alinhados às melhores práticas ambientais, além de projetos de mobilidade sustentável e gestão de recursos naturais”, elucida João Pedro Segabinazzi Stephanou.
Já no aspecto social, são elegíveis iniciativas de promoção à inclusão financeira e econômica de comunidades com menor poder aquisitivo, além de apoio a micro e pequenos negócios capazes de impactar positivamente comunidades e fomentar a criação de postos de trabalho.
Empresas de médio porte comandadas por mulheres ou instaladas em locais pouco desenvolvidos também se enquadram. Por fim, o financiamento contempla a agricultura familiar.
Apoio sustentável
Os recursos da Letra Financeira Sustentável foram aplicados em operações no período de 22 de junho de 2022 a 31 de dezembro de 2022. Do montante, R$ 312 milhões foram alocados em 5.356 projetos de energia renovável com foco em energia solar.
Ademais, os investimentos contemplaram outros 5.474 projetos para geração de empregos por meio do financiamento de Pequenas e Médias Empresas (PMEs) lideradas ou de propriedade de mulheres.
Outros 4.008 projetos para a geração de empregos através do financiamento de PMEs lideradas ou de propriedade de pessoas localizadas em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional foram beneficiados. Cada uma dessas categorias recebeu um total de R$ 234 milhões. Os números estão detalhados no Relatório Anual de Alocação e Impactos da Letra Financeira Sustentável.
Stephanou relata que já é possível mensurar os impactos proporcionados pela Letra Financeira Pública Sustentável:
“Na operação de energia renovável foi evitada a emissão de 4,9 mil toneladas por ano de gases de efeito estufa (GEE). Além disso, nas operações voltadas à elegibilidade social, contribuímos para a sustentação de mais de 80 mil empregos”.
Ele ainda aponta que o lançamento da primeira Letra Financeira Pública Sustentável do Brasil pelo Sicredi reforça o seu compromisso com o Pacto Global das Nações Unidas em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Assim sendo, a operação atende aos objetivos 7, 9, 13 e 5, que tratam, respectivamente, de Energia acessível e limpa; Indústria, inovação e infraestrutura; Ação contra a mudança global do clima; e Igualdade de Gênero.
Reconhecimento
Devido à Letra Financeira Pública Sustentável, o Sicredi foi premiado na categoria “Título Sustentável do Ano” pelo Global SME Finance Awards 2023. A iniciativa também recebeu menção honrosa na categoria Melhor Financiador para Mulheres Empreendedoras.
“Estamos muito felizes com os reconhecimentos, que demonstram a nossa relevância global na preservação do ambiente e no empoderamento das pessoas, destinando recursos a quem mais precisa”, afirma Alexandre Barbosa, diretor executivo de Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi.
O Global SME Finance Awards é organizado pelo Fórum Financeiro das PMEs e endossado pela Parceria Global para a Inclusão Financeira (GPFI), do G20. Os reconhecimentos na categoria Título Sustentável do Ano desta edição ainda contaram com a parceria do Programa de Assistência Técnica de Títulos Verdes (GB-TAP) da International Finance Corporation (IFC).