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COP 30: a Jornada das cooperativas rumo a Belém – preparativos, expectativas e compromissos

11/12/2024 17:35
COP 30: a Jornada das cooperativas rumo a Belém – preparativos, expectativas e compromissos

2025 tem tudo para ser especial para o cooperativismo, com expectativa de oportunidades e protagonismo internacional ao setor. A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu que 2025 será o Ano Internacional das Cooperativas, repetindo a homenagem realizada em 2012. A iniciativa colocará o coop no centro da agenda global.

O ano também será marcado por um evento único na história brasileira. Pela primeira vez em 30 edições, o país será responsável por sediar a Conferência das Partes (COP) da ONU, que reúne lideranças e representantes de todo o mundo para tomar medidas em relação à crise climática. A COP30 ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro.

A Conferência será uma grande oportunidade para o cooperativismo brasileiro se firmar como protagonista na economia de baixo carbono. O setor se planeja desde já, com apoio do Sistema OCB, para aproveitar o palco em Belém e liderar a transformação pelo desenvolvimento sustentável.

Cooperativismo já é protagonista em COPs

A presença do cooperativismo brasileiro nos debates e na formulação de projetos de combate à crise climática não é novidade. O Sistema OCB participa ativamente de todas as COPs desde 2021, levando casos de sucesso para Glasgow, Sharm El-Sheikh e Dubai através de apresentações, painéis e rodas de conversa.

A sequência continuou em Baku, na COP29. O Sistema OCB coordenou o painel “Cooperativismo e Finanças Sustentáveis”, realizado no Pavilhão do Brasil. Sicredi, Sicoob, Cresol e BNDES demonstraram como o cooperativismo de crédito impulsiona o financiamento de iniciativas sustentáveis.

Outro painel com participação do cooperativismo brasileiro foi “O papel das cooperativas no avanço da ação climática”. A convite do Centro de Comércio Internacional (ITC), o Sistema OCB esteve presente para apoiar a Cooxupé e a Coopercitrus, que detalharam suas iniciativas de sustentabilidade.

Cooperativismo alinhado às políticas públicas

A COP29 também foi palco para discussões produtivas além dos painéis. Representantes do Sistema OCB e de cooperativas de crédito se reuniram com Nabil Kadri, superintendente de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para abordar os fundos Clima e Amazônia, que visam financiar projetos de mitigação das mudanças climáticas e de preservação da Floresta Amazônica, respectivamente.

Outra conversa produtiva no Azerbaijão ocorreu com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). No encontro, foi apresentada a plataforma EcoInvest, elaborada pelo governo brasileiro para fomentar a restauração e a conservação de pastagens por meio de editais públicos. Representantes de Sicoob, Sicredi, Cresol, Cooxupé e Coopercitrus apresentaram insights para uma melhor operacionalização do sistema.

Metas para Belém

As cooperativas brasileiras de todos os setores e o Sistema OCB trabalham com um objetivo em comum: alcançar uma economia de baixo carbono. Esse é um passo essencial para que o Brasil colabore com a meta de manter o aquecimento global em até 1,5ºC na comparação aos níveis pré-industriais. A marca, estabelecida no Acordo de Paris, é o número chave para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

As COPs servem como ocasiões para discutir medidas e projetos que coloquem o planeta mais próximo desse objetivo. Portanto, a COP30 será o palco ideal para disseminar o impacto econômico e ambiental do cooperativismo, um modelo com princípios alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Além de estar em casa em Belém, o cooperativismo brasileiro deve ter uma plataforma ainda mais fortalecida na COP30 para exibir suas iniciativas e inovações. O Ano Internacional das Cooperativas colocará o setor em evidência, mais próximo à ONU nas discussões sobre políticas públicas.

Será uma chance única de mostrar que as cooperativas do Brasil têm papel fundamental na construção de projetos que podem inspirar o resto do planeta. Exemplo disso é a regulação do mercado de carbono, pauta que avançou no Senado e na Câmara durante a COP29 e aguarda sanção presidencial para virar lei

Por meio do Sistema OCB, o cooperativismo participou ativamente das negociações por um ambiente regulatório favorável e, simultaneamente, efetivo na implementação desse novo mercado.

O que o cooperativismo já faz pelo meio ambiente e onde pretende avançar

O cooperativismo é feito de pessoas que compõem associações e produzem para elas, gerando assim ganhos para o bem comum. O papel do Sistema OCB nessa rede é unificar essas organizações e fortalecer o movimento como um todo. Quando o assunto são agendas ambientais, a postura não é diferente. O órgão fomenta projetos sustentáveis e trabalha desde já por uma participação próspera na COP30.

Uma de suas principais iniciativas é a criação da Câmara Temática da COP30. Ela reúne 17 representantes de cooperativas, centrais e Organizações Estaduais (OCEs) a fim de alinhar a participação na próxima COP e identificar vozes relevantes para a estratégia de comunicação. A CT promoveu encontro prévio à conferência no Azerbaijão, já adiantando discussões para a edição de 2025.

Outra ideia do Sistema OCB é criar o Pavilhão do Cooperativismo em Belém. O órgão já apresentou a proposta ao Governo e a parceiros internacionais. O espaço seria dedicado a expor exemplos de sucesso e contribuições de cooperativas nacionais e internacionais.

Financiamento verde

A participação na COP29 evidencia que o Sistema OCB enxerga o cooperativismo de crédito como uma forma de alavancar o financiamento de iniciativas sustentáveis e o desenvolvimento de comunidades. Conforme destacado no painel “Cooperativismo e Finanças Sustentáveis”, em Baku, o cooperativismo brasileiro caminha na vanguarda das finanças verdes.

Já no painel “O papel das cooperativas no avanço da ação climática”, a mensagem é que o cooperativismo agropecuário contribui para a produção sustentável no campo. 

Um dado demonstra como essa tendência está em curso no Brasil: 63% dos agricultores cooperados recebem assistência técnica, enquanto a média nacional é de 20%. Amostra de como as organizações do setor disseminam boas práticas e educação sobre impactos ambientais.

Exemplos de sucesso

A abordagem sistêmica adotada pelo Sistema OCB, que visa promover um alinhamento em prol da sustentabilidade e fortalecer o movimento cooperativista, é sustentada também pelos esforços de cada cooperativa. Os setores de crédito e agropecuário estão repletos de exemplos positivos nesse sentido, e alguns deles foram levados ao Azerbaijão.

Um desses cases é da Cresol, que, junto de Sicoob e Sicredi, compartilhou suas estratégias para fomentar a bioeconomia e o desenvolvimento da agricultura familiar. A cooperativa direcionou R$ 78 milhões a linhas de crédito verdes em 2023, beneficiando mais de 55 mil pessoas em 70 municípios. A cooperativa ainda atua no âmbito social, promovendo inclusão no seu quadro diretivo e projetos educacionais.

No ramo agropecuário, a Cooxupé é uma das referências em práticas sustentáveis. A maior cooperativa de café do mundo expôs suas boas práticas na COP29, junto com a Coopercitrus. A cooperativa de Guaxupé tem como destaque o Protocolo Gerações, que dá suporte aos produtores no cumprimento das exigências ambientais, sociais e econômicas exigidas pelas certificações de mercado. 

Iniciativas como as da Cresol, da Cooxupé e de tantas outras cooperativas vão além do impacto ambiental, algo que por si só já seria significativo. Esses projetos, alinhados à visão geral do Sistema OCB, garantem que o cooperativismo colabore para a inclusão social, o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento de comunidades.

Conclusão

A COP30 será um evento histórico para o Brasil. Belém se prepara para sua magnitude com obras em infraestrutura, beneficiando-se de aporte governamental de R$ 4,7 bilhões. E o cooperativismo brasileiro também se prepara com antecedência, visando aproveitar a plataforma internacional para se posicionar.

Em 2025, os holofotes estarão sob o cooperativismo, especialmente devido ao Ano Internacional. É hora de o movimento, com apoio do Sistema OCB, continuar mostrando com ações concretas que pode liderar o caminho rumo ao desenvolvimento sustentável e à mitigação do aquecimento global.