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COP29: o papel das cooperativas no combate às mudanças climáticas

22/10/2024 18:17
COP29: o papel das cooperativas no combate às mudanças climáticas

A 29ª edição da COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) está marcada para ocorrer entre os dias 11 e 22 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão. O evento reuniu chefes governamentais e representantes de organizações da sociedade civil de todo o planeta para discussão de medidas contra o avanço do aquecimento global.

A última edição da conferência foi realizada na assinatura de um acordo que prevê redução do uso de combustíveis fósseis, embora não estabeleça uma meta clara ou mencione o fim de sua utilização. A expectativa é que a COP29 seja palco de debates sobre transição energética, com avanços e determinações sobre como os países podem conduzir esse processo.

Uma das principais preocupações do Azerbaijão, o país-sede, é conectar as nações desenvolvidas ao desenvolvimento. Deve ser pauta da COP29 o financiamento climático, vamos definir como as principais economias do planeta 

Além disso, a meta mundial continua a mesma mencionada no Acordo de Paris, assinado em 2016: limitar o aquecimento global a até 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais até 2100.

 

Cooperativismo e a COP29

Alcançar a meta contra o aquecimento global só será possível com a colaboração de todas as partes envolvidas. Assim, as empresas como governos precisam chegar a acordos e direcionar investimentos com base na pauta ambiental, devem cumprir normas e encontrar soluções que minimizem o impacto natural de suas atividades.

O modelo cooperativista se adequa perfeitamente a essas necessidades. Suas organizações têm como princípio básico colaborar para o desenvolvimento social, econômico e ambiental das comunidades nas quais estão inseridas.

As cooperativas têm o dever de prezar por investimentos ambientalmente corretos e socialmente justos, alinhando-se assim aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. São 17 pontos de apelo à comunidade global para proteger o meio ambiente e a humanidade.

Não são raros os projetos de cooperativas que se alinham a pelo menos um ODS, aproximando-se assim dos objetivos almejados pela COP29. Conheça oito iniciativas de cooperativas que visam fazer sua parte no combate ao aquecimento global.

Sicredi e Sicoob Aracoop: recursos para a proteção ambiental

Para mais que investir em projetos sustentáveis ​​​​possa gerar economias a longo prazo, é necessário recursos financeiros para essas mudanças saírem do papel. Facilitar o acesso ao crédito para iniciativas verdes é uma forma de contribuir no combate ao aquecimento global, e essa é uma das soluções encontradas pelo Sicredi.

Nesse sentido, o Sicredi oferece condições benéficas para o pequeno produtor agrícola investir em materiais, sistemas e equipamentos que melhorem suas safras de forma sustentável. O apoio do Sicredi, no entanto, não se limita aos créditos concedidos.

A cooperativa utiliza IA e dados geoespaciais para garantir que os projetos seguem as prerrogativas previstas. Há ainda o mapeamento de propriedades, com o objetivo de identificar se as áreas se adequam às normas de preservação.

Ao incentivo ao cumprimento do Código Florestal Brasileiro, o Sicredi colabora para a preservação de matas e seus estoques de carbono.

O Sicoob Aracoop, cooperativa singular com atuação em Minas Gerais e Pará, também possui modelos especiais para iniciativas sustentáveis. Um dos projetos de destaque é o financiamento para a construção da Usina de Energia Fotovoltaica da Associação dos Usuários do Projeto Pirapora (AUPPI), que contornou mais de R$ 3,2 milhões em investimentos.

Este é, até o momento, o maior projeto sustentável financiado pelo Sicoob Aracoop. A usina contribui para que a AUPPI mantenha a estrutura de supervisão em um importante polo fruticultor.

A cooperativa de crédito analisa detalhadamente cada projeto sob o ponto de vista socioambiental. O Sicoob Aracoop trabalha com linhas de crédito específicas para modernização de estruturas que tornem menos poluentes, linhas sociais para regularização de pequenos empreendimentos e linhas direcionadas a investimentos em fontes de energia limpa, caso da usina da AUPPI.

 

Cogran e Frimesa: energia para transformar

Questão central para o desenvolvimento sustentável, a transição energética consiste na substituição de combustíveis fósseis por alternativas limpas, com pouca ou nenhuma emissão de gases do efeito estufa. Iniciativa que é vista na prática na Cogran, uma Cooperativa dos Granjeiros do Oeste de Minas.

Em 2010, a Cogran deu início a um projeto de instalação de biodigestores nos locais de produção de seus cooperados, produzindo assim energia elétrica. Atualmente, diversas propriedades são autossuficientes em energia, e algumas até a comercializar.

A Cogran ainda possui duas usinas de energia solar, uma instalada em uma loja e outra em uma fábrica. A cooperativa está analisando a expansão da instalação de usinas solares, progredindo dentro dos parâmetros ESG e entregando a operar no mercado de créditos de carbono.

Outra cooperativa rural na jornada por uma produção energética sustentável é a Frimesa. A cooperativa também apostou na produção de biogás por meio de biodigestores, instalados em planta industrial em Medianeira-PR. A matriz tem capacidade de gerar cerca de 8.700 Nm³/dia de biogás. A ideia é expandir uma estrutura para Assis Chateaubriand-PR.

Os biodigestores fazem parte do planejamento da cooperativa para uso de energias limpas e renováveis. A Frimesa também investiu R$ 400 mil na implantação de uma usina de energia solar que gera economia anual de R$ 70 mil. O plano é neutralizar as emissões de gases do efeito estufa oriundos de suas operações industriais até 2040.

 

Cootravipa e Centcoop reciclam para construir um futuro melhor

Utilizar recursos de forma inteligente, reciclar e dar novo uso a objetos é outro passo importante na direção para um futuro mais sustentável. Educar a população sobre os resíduos produzidos por ela contribui para a disseminação dessas práticas. É nisso que aposta a Cootravipa.

A gaúcha Cootravipa desenvolveu o aplicativo Coleta Tri para monitorar a coleta selecionada de resíduos e oferecer informações relevantes e educativas aos seus geradores. A iniciativa trouxe resultados positivos, aumentando em mais de 30% a quantidade de resíduos encontrados e destinados a unidades de triagem. O desenvolvimento do canal aberto também diminuiu o número de reclamações à Cootravipa.

Proporcionar melhores condições a quem trabalha com reciclagem também é uma forma de desenvolvimento sustentável. A Centcoop, Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis ​​do Distrito Federal, tem alcançado tais resultados por meio da intercooperação.

Uma central que reúne 21 cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis ​​fechados um lixão e construções um galpão, utilizadas por 11 cooperativas e 460 trabalhadores.

A Centcoop também conseguiu incluir a segurança social dos catadores em contratos com o Governo, e ajudou cooperativas a conseguirem melhores contratos de coleta seletiva no Distrito Federal.

 

CAMTA e Expocacer: produção agropecuária sustentável

O progresso econômico e a preservação ambiental podem e devem caminhar juntos. A CAMTA é um exemplo de sucesso nesse sentido. A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu possui um modelo exclusivo de agricultura sustentável na Amazônia.

O Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (SAFTA) possui características únicas, como promover o crescimento do cacau em um ambiente sustentável que simula uma floresta nativa. A CAMTA incentiva a disseminação do sistema aos cooperados, promovendo a diminuição dos desmatamentos e o trabalho em um ambiente agradável, com árvores.

A cooperativa obteve em 2019 um selo de Indicação Geográfica (IG), comprovatório de que o produto possui características singulares devido ao seu local de origem. A certificação ajuda a CAMTA a exportar cacau para mais países, sendo que já conta com o mercado na Alemanha, na Argentina, nos Estados Unidos, na França, em Israel e no Japão.

Outra maneira de produzir sustentavelmente é por meio de técnicas de agricultura regenerativa, que têm o intuito de preservar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade, proteger os recursos hídricos e promover a resiliência dos sistemas agrícolas. A Expocacer é referência mundial no assunto e se tornou a primeira cooperativa do mundo a receber o selo de certificação regenerativa concedida pela entidade internacional Regenagri.

A obtenção do selo também levou em conta os âmbitos sociais e de governança, nos quais a cooperativa foi 100% aprovada. Outro aspecto considerado foi a melhoria da rastreabilidade do café, do estoque ao consumidor final. 
A classificação torna-se um diferencial de mercado para a Expocacer. Seus produtos foram distribuídos internacionalmente, levados pela marca italiana Illy Caffè para 50 países.

 

Conclusão: cooperativismo pelo desenvolvimento sustentável

Os oito exemplos de destaque citados neste texto e tantos outros projetos elaborados por todo o Brasil mostram que o cooperativismo funciona em prol do desenvolvimento sustentável, avançando na direção almejada pela COP29 e obrigatória para o combate eficaz ao aquecimento global.

Com tantos exemplos positivos, nada melhor para o cooperativismo que importa com novos públicos. A boa notícia é que essa oportunidade existirá na COP29. Casos brasileiros serão apresentados em painéis , locais propícios para troca de informações sobre cooperativas e sustentabilidade.

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