Ministro do Meio Ambiente lidera delegação brasileira na COP26 e defende financiamento internacional para economia de baixo carbono.
Por Juliana Nunes
A principal voz do governo brasileiro na 26ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), em Glasgow, na Escócia, é a do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Ele foi o único a discursar na plenária da conferência e ainda esteve à frente de painéis de debate no pavilhão brasileiro. O foco de Leite foi a defesa do Brasil como país essencial para o futuro verde, ator chave das mudanças necessárias para a sustentabilidade.
Na contramão das críticas sobre as políticas governamentais e sobre os altos índices de desmatamento, o ministro pediu compromisso dos países mais ricos do mundo no financiamento da transição global para uma economia de baixo carbono. De acordo com ele, os mais diversos setores produtivos nacionais estão dispostos a adotar novas tecnologias e a seguir as melhores práticas de produção, sem abrir mão de gerar emprego e riqueza.
Joaquim Leite criticou os países desenvolvidos por não terem cumprido a meta anterior de financiamento, estabelecida em US$ 100 bilhões anuais. Agora, a transformação exigiria volumes mais ambiciosos. “Os países que histórica e atualmente são os responsáveis pelos maiores volumes de poluição da atmosfera devem demonstrar suas efetivas ambições de financiamento nesta conferência, sem postergar ainda mais um compromisso assumido em 2015 e até o momento não realizado em sua plenitude”, convocou o ministro brasileiro.
“Todas as partes devem assumir suas responsabilidades comuns, porém diferenciadas, na direção de uma economia verde neutra em emissões. O desafio global a ser superado é reverter a lógica negativa da punição, da sanção e da proibição, para a lógica positiva do incentivo, da inovação, da priorização.”
BIOCOMBUSTÍVEL
De olho nos investidores internacionais, Joaquim Leite e a delegação brasileira fizeram um balanço das ações de governo para a preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas. Pesquisas realizadas por órgãos governamentais indicam que a agricultura nacional de baixo carbono restaurou quase 28 milhões de hectares de pastagens.
O programa de biocombustíveis, por sua vez, teria garantido energia renovável para 84% da matriz elétrica, com ampliação de empregos nas áreas de energia solar e eólica. O setor de gestão de resíduos sólidos, que aguarda mais parcerias com a iniciativa privada, já reduziu em 20% o número de lixões a céu aberto.
O novo marco legal do saneamento básico e os investimentos em transporte ferroviário e hidroviário também fizeram parte do portfólio de ações apresentadas na COP26 para atrair investimentos e, ao mesmo tempo, inserir o Brasil na lista de nações interessadas em salvar o planeta.