Usinas fotovoltaicas, biodigestores e cogeração qualificada também são ações adotadas pela coop
A paranaense Cocamar é exemplo de agricultura de baixo carbono com seu sistema de reaproveitamento do solo em benefício da agricultura, da pecuária e da sustentabilidade. Suas habilidades ambientais no processo produtivo foram expostas em painel, na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, na última sexta-feira (11). Os 16 mil cooperados quer a integram já são referência na aplicação de metodologias de proteção ambiental.
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), carro-chefe da coop, permite o cultivo de diferentes grãos em uma mesma área, evitando esgotamento do solo e reduzindo a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Com isso, os produtores garantem aumento da renda com a policultura de soja, milho, trigo, café, laranja e, ainda, um bom pasto para o gado.
Desde 1997, a cooperativa está inserida na metodologia ILPF, motivada, incialmente, pelas invasões de terra. “Os produtores começaram a procurar a cooperativa questionando porque não poderiam plantar na areia (arenito), já que as terras roxas estavam ocupadas. Então, arranjamos uma maneira de plantar no arenito. Procuramos o governo do Paraná e a Embrapa, a solução veio e hoje o projeto é nacional”, conta o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço.
Ele explica que a integração Lavoura-Pecuária-Floresta tem papel fundamental para evitar um solo viciado, como acontece em áreas de monocultura. “No inverno plantamos capim, engordamos o boi e depois plantamos soja. É um circuito que vai melhorando o solo, até porque a soja é uma leguminosa que ajuda muito da detenção de nitrogênio. Assim, vamos criando uma terra de qualidade que pode produzir grãos e pasto. Com a integração, melhoramos a qualidade da pecuária e multiplicamos o número de bovinos. Hoje produzimos 45 quilos de carne por hectare, justamente nestas pastagens degradadas. Já são mais de 18 milhões de hectares convertidos nessa metodologia e nosso objetivo é chegar em 2030 com 35 milhões de hectares”, destaca.
Na busca por mais certificações ambientais, a Cocamar também atua em projetos que utilizam a metodologia GRI [abordagem de gestão e dimensões econômicas, ambientais e sociais]. “Temos a produção de energia com cavaco de madeira e eucalipto, reciclagem de resíduos e usina fotovoltaica”, acrescenta. Para ele, a participação na COP27, ajudará a mostrar que o agro brasileiro é sustentável. “Somos um país conservacionista ao extremo, basta ver nosso enorme território com floresta em pé e agricultura e pecuária ambientalmente corretas. O cooperativismo tem a tarefa de atender essa demanda socioambiental”.
O coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Morato, classifica a Cocamar como referência na adoção de tecnologias de baixo carbono, especialmente, na ILPF, considerada, segundo ele, a chave para a agropecuária alcançar as metas de neutralidade de carbono e de metano. O uso correto dos recursos naturais é outro destaque que Morato salienta na atuação da cooperativa. “Eles têm usinas fotovoltaicas, biodigestores para biogás e cogeração qualificada. A partir da queima de gravetos, geram vapor de água nas caldeiras que é recuperado energeticamente, ou seja, um tipo de energia renovável.
Morato ressalta que essas medidas podem não ser classificadas como uma inovação, mas certamente são referências para todo o mundo. “De forma simples e eficiente, estas tecnologias podem ser incorporadas por todos de maneira robusta e com externalidades significativas nas questões ambientais e climáticas”, assegura.