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Panorama traça perfil das cooperativas de geração distribuída no Brasil

11/10/2024 22:42
Panorama traça perfil das cooperativas de geração distribuída no Brasil

Energia fotovoltaica é destaque em todas as regiões

Estudo desenvolvido para conectar, fortalecer e divulgar oportunidades e desafios para as coops de energia renovável foi divulgado, nesta quinta-feira (27). O Panorama das Cooperativas de Geração Distribuída 2022 é fruto da parceria entre Sistema OCB, a Confederação Alemã das Cooperativas (DGRV) e o Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Das atuais 35 coops do segmento, 28 responderam ao questionário online que resultou no documento. Com capacidade de geração total de 19.854 kw, as coops envolvem neste processo 25.657 pessoas e atendem 9.368 residências e comércios que recebem energia. Os créditos energéticos são distribuídos para mais de 24 mil cooperados.

“A energia renovável é fundamental para que o cooperativismo atenda as estratégias ESG [ambiental, social e governança], bem como os requisitos de mercado. Neste sentido, o estudo é fundamental para que tenhamos mais detalhes sobre essas iniciativas de geração compartilhada. A pesquisa vai nos ajudar no desenvolvimento do setor, pois conhecendo as características destas cooperativas podemos propor soluções para fortalecer o segmento dentro do cooperativismo. O Sistema OCB já vem trabalhando para facilitar e apoiar o desenvolvimento dessas cooperativas”, salientou o coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Morato.

Segundo o documento, a maior parte dos investimentos foram realizados por cooperados e cooperativas junto às instituições parceiras. Os sistemas estão instalados, em sua maioria, em telhados ou terrenos de propriedades de cooperados e de coops. A origem dos recursos são capital próprio, doação ou financiamento. A energia gerada beneficia cooperados, coops e colaboradores. A publicação aponta ainda que a dificuldade de captar recursos, falta de acesso a linhas de financiamento e a cobrança de ICMS na geração compartilhada foram considerados impeditivos para a expansão dos negócios.

Motivações e tendências

As iniciativas mostraram motivações comuns principalmente no que tange a democratização do acesso às energias renováveis. A diversificação de fontes de geração de energias e de serviços oferecidos são tendências evidenciadas no estudo. As ações de intercooperação, segundo as coops, solucionam barreiras como, por exemplo, a do acesso a financiamentos de desenvolvimento de plataformas de gestão de crédito.

Criar alternativas inovadoras está no ranking das coops como meta para os próximos anos, bem como a interação com o movimento sindical, além de desmistificar que rentabilidade e sustentabilidade não caminham juntas. Outra tendência citada no panorama é a geração de energia a partir de fontes como hidrogênio verde, biometano e biodigestores.

 Serviços e compensações

Os serviços e fontes de geração de energia das iniciativas estudadas ofertam créditos de energia por meio de sistema de compensação (Resolução Aneel 482/12). Assim, os microgeradores de energia cedem para a distribuidora local que, por sua vez, devolve com redução tarifária na fatura ou realoca o excedente para outra propriedade de mesma titularidade. A eficiência energética, bem como os serviços telecom, de eletromobilidade e armazenamento também são ofertados pelas coops – que pretendem expandi-los nos próximos anos juntamente com o número de usinas e de cooperados.

A energia cooperativa está presente em 70% dos estados brasileiros e as coops pretendem expandir a quantidade de usinas nos próximos anos para tornar o modelo mais comum e acessível para toda a população. A geração de energia fotovoltaica predomina em quase todas as regiões do país. Apenas 5 das 28 pesquisadas no panorama já trabalham com mais de uma fonte de geração. A maior diversidade está na região Sul do país.

As primeiras cooperativas de energia, neste modelo, foram fundadas em 2016, sendo uma no Pará, outra em Rondônia e a terceira em Santa Catarina. Até 2019, o país já contava com 16 cooperativas ofertando este serviço. Em 2022, o Sistema OCB já registra 35 coops. Destas, 28 responderam ao questionário do panorama.