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Produção sustentável para manter a floresta em pé

11/10/2024 22:29
Produção sustentável para manter a floresta em pé

Tradição e ciência andam de mãos dadas em uma pequena cooperativa da Floresta Amazônica. A Cooperar — Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus — sistematizou o saber da população ribeirinha ao conhecimento técnico-científico para criar um plano de manejo florestal sustentável da floresta. O objetivo é gerar oportunidades de trabalho e renda para as comunidades, garantindo também o bem-estar das gerações futuras em escala local, regional e global.

Com cerca de 450 cooperados, a Cooperar reúne a população ribeirinha da Vila Céu do Mapiá. Uma gente humilde, com baixo nível de escolaridade, pouca assistência de políticas públicas e uma enorme consciência ambiental. Por serem filhos da floresta, eles querem vê-la de pé, e contam com a tecnologia de manejo sustentável para produzir com alto nível de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.

Para conseguir madeira sem devastar a floresta, eles desenvolveram um sistema de manejo florestal que consiste em retirar somente parte das árvores de maior porte, deixando as remanescentes protegidas. Assim, as clareiras provocadas pela queda das árvores e os caminhos abertos para o transporte são rapidamente reflorestados.

Por se tratar de atividade relacionada ao uso sustentável de recursos naturais em uma Unidade de Conservação Federal, a fiscalização e o acompanhamento legal são realizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Sistema Nacional de Controle de Ori – gem de Produtos Florestais (SINAFLOR), e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA).

Ainda, a cooperativa possui certificação florestal do FSC – Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal). Foi realizada uma auditoria oficial pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA) que resultou na aprovação da Certificação Florestal para o projeto, que passa a ser uma das poucas iniciativas de manejo florestal comunitário certificadas no Brasil.

O projeto contou com a parceria do Instituto Nova Era (INE), Instituto Socioambiental de Viçosa (ISAVIÇOSA) e do Instituto Socioeconômico Solidário (ISES). No total foram investidos, R$ 1,3 milhão no projeto, sendo R$ 251,9 mil vindos da própria cooperativa, e R$ 1,076 milhão de organizações dispostas a trabalhar pela preservação da floresta Amazônica e pelo fortalecimento da economia de baixo carbono.

Vale destacar: além de trabalhar com o manejo florestal madeireiro, a Cooperar opera em diferentes cadeias produtivas, como o cacau nativo, a castanha do Brasil, óleos vegetais, produção e beneficiamento de alimentos, artesanatos, fitoterápicos, cosméticos e casca de mulateiro.

CUIDADO COM RETORNO GARANTIDO

O desenvolvimento de cadeias produtivas florestais sustentáveis torna os povos tradicionais da região verdadeiros guardiões da floresta de onde tiram seu sustento. No caso da Cooperar, toda a cadeia produtiva, desde a colheita até o beneficiamento, recebeu capacitação em manejo sustentável e tratos culturais nos cacaueiros para ganho de produtividade.

Desde a implantação desse novo sistema, a cooperativa registrou um salto da produtividade anual do cacau silvestre de 4 toneladas para 12 toneladas, com geração de trabalho e renda para 24 famílias.

O projeto também estabeleceu convênios comerciais para aumento do poder de compra dos cooperados em um entreposto industrial e comercial localizado no município de Boca do Acre. Além disso, os barcos e as estruturas de produção da Cooperar foram reformados.
A comunicação com os seis núcleos produtivos da cooperativa foi uma atividade igualmente priorizada, por meio da instalação de rádios comunicadores. Para completar, com uso de GPS, foi feito o mapeamento das rotas e comunidades produtoras.

Tudo isso contribuiu para gerar oportunidades de trabalho e renda para as comunidades ribeirinhas; implementar políticas públicas nos territórios e melhorar as estruturas de produção, armazenamento e escoamento dos núcleos produtivos dos cooperados.

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