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10/11/2021

Brasil pretende zerar emissão de carbono até 2050

Meta foi apresentada pelo Governo Federal durante abertura da COP26, na Escócia

No maior fórum mundial sobre clima, a Conferência entre Partes (COP-26), o Brasil apresentou metas audazes em prol do meio ambiente, reforçando em uma rede de colaboração global.

Na abertura da 26ª edição do evento, ocorrida nesta segunda-feira (1/11), o governo brasileiro anunciou o fim da emissão de carbono até o ano de 2050. A ideia é reduzi-la pela metade já em 2030 – valor acima da meta traçada anteriormente para a mesma data, que era de 43%. A chamada COP26 ocorre em Glasgow, na Escócia, até o próximo dia 12 de novembro. O evento é transmitido simultaneamente no edifício-sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

Em vídeo gravado para o evento, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, ressaltou que o Brasil é uma “potência verde”, com a “maior biodiversidade do planeta” e que, no combate à mudança do clima, o País é “parte da solução, não do problema”.

“O Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados por nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos. Por isso, autorizei o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, a apresentar, durante a COP 26, novas metas climáticas”, afirmou o mandatário.

Em seu discurso, o presidente da República lembrou o recém-lançado Programa Nacional do Crescimento Verde, que traz preocupações ambientais para o centro da agenda econômica.

“Ao promover uma economia verde, o programa orientará as ações de proteção e conservação do meio ambiente, por meio de incentivos econômicos, direcionando recursos e atraindo investimentos. Com isso, vamos favorecer ações e projetos de conservação da floresta, uso racional dos recursos naturais, redução de emissão de gases de efeito estufa e, principalmente, geração de empregos verdes”, prometeu Bolsonaro.

O programa foi lançado pelo Governo Federal no final de outubro(25), em Brasília, e contemplará áreas de conservação e restauração florestal, saneamento, gestão de resíduos, ecoturismo, agricultura, energia renovável, mobilidade urbana, entre outras.

ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

Em fala que se seguiu à do presidente, o ministro Joaquim Leite anunciou as medidas a serem adotadas pelo país. “As contribuições do Brasil para superar o desafio estão postas. Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa: passando de 43% para 50%, até 2030, e de neutralidade de carbono até 2050”, afirmou Leite, no palco da transmissão ocorrida de Brasília.

Segundo o ministro, os olhos do mundo estão voltados para as soluções inovadoras, que proporcionem avanços econômicos com crescimento verde.

“Devemos, juntos, fazer uma transição do debate das promessas climáticas para a criação do emprego verde [posto de trabalho que contribui de forma direta para reduzir emissões de carbono ou para melhorar a qualidade ambiental]”, reforçou, em clima otimista.

De acordo com Leite, o Brasil realizou encontros bilaterais prévios com mais de 60 países, atuando como país articulador, buscando diálogo e pontos de convergência. “Conduzimos dezenas de reuniões técnicas, coletando subsídios que culminaram em uma estratégia de negociação para defender os interesses nacionais e posicionar o Brasil como um país fundamental na vanguarda dessa nova agenda verde mundial”, completou.

POTÊNCIA VERDE

Ao exemplificar elementos que tornam o Brasil uma “potência verde”, Leite citou o maior programa operacional em larga escala de biocombustíveis do mundo, em uma matriz energética altamente limpa. Além disso, indicou práticas agropecuárias de baixo carbono e oportunidades voltadas ao ecoturismo.

“Reforço os nossos compromissos com a geração de uma economia neutra em emissões de gás de efeito estufa mas, ao mesmo tempo, garantindo geração de emprego e renda”, disse o ministro.

Além do ministro do Meio Ambiente, a abertura da COP26 contou com a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Em seu discurso, Tereza Cristina apresentou metas já alcançadas pelo setor e novos objetivos da pasta, que pretende mitigar a emissão de mais de um bilhão de toneladas de CO² nos próximos dez anos.

“A agricultura brasileira fez a sua parte e está fazendo. Vamos continuar trabalhando para que a nossa agricultura seja cada vez mais eficiente e sustentável. A sustentabilidade traz eficiência e renda para o produtor, então não tenho dúvida de que a nossa agricultura movida a ciência estará cada vez mais comprometida em alcançar essas metas”, disse.

Segundo a ministra, a agropecuária, realizada de maneira sustentável, é parte da solução para um duplo desafio: mudança do clima e segurança alimentar. Ela também destacou que o Brasil é pioneiro no desenvolvimento de uma agropecuária de baixa emissão de carbono e que a meta é de expandir esse jeito sustentável de produzir para .
mais de 72 milhões de hectares de terras agricultáveis até 2030. O resultado previsto é a não emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO².

COMBATE AO DESMATAMENTO

O último representante do governo federal a falar sobre a COP26 foi o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Ele revelou os resultados da Operação Guardiões do Bioma, ação inédita de combate às queimadas e aos crimes ambientais. Iniciada em agosto de 2021.

Segundo o ministro, a operação combateu mais de 16.500 incêndios florestais em 11 estados, ao longo de três meses. A operação ainda registrou mais de 3.200 ações preventivas e cerca de 1.500 multas aplicadas, além da apreensão de 120 maquinários e mais de 5 mil metros cúbicos de madeira; e do resgate de 1.000 animais.

“Temos dados relevantes, que são fruto da integração entre os Ministérios, as forças policiais, forças de combate aos crimes e repressão ao desmatamento e às queimadas no Brasil”, destacou Torres. Em ato na COP26, os ministros da Justiça e do Meio Ambiente assinaram acordo de cooperação para integração de dados, sistemas e políticas voltados à proteção e combate ao desmatamento.

Diretrizes para a agenda estratégica de neutralidade climática
  • Zerar o desmatamento ilegal até 2028: 15% por ano até 2024, 40% em 2025 e 2026, e 50% em 2027, comparando com o ano de 2022;
  • Restaurar e reflorestar 18 milhões de hectares de florestas até 2030;
  • Alcançar, em 2030, a participação de 45% a 50% das energias renováveis na composição da matriz energética;
  • Recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas;
  • Incentivar a ampliação da malha ferroviária.